Deputado do MT compara gravidez de mulheres à gestação de vacas

Um deputado estadual do Mato Grosso comparou, durante um discurso na Assembleia Legislativa, a gravidez das mulheres com a gestação de vacas. Gilberto Cattani (PL), após a repercussão do caso, resolveu pedir desculpas, mas aos animais.

Em uma rasa discussão sobre aborto, o parlamentar - que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da casa - fez o discurso durante uma sessão do grupo.

"Ela entra no cio, no período fértil. E o touro cobre a minha vaca, é assim que a gente fala na roça. Então, ela está prenha, certo. Isso é natural. Agora eu pergunto para qualquer pessoa: o que tem na barriga da minha vaca? Se você pedir para essas feministas ou para essas pessoas que defendem o assassinato de bebês no ventre da sua mãe, eles vão dizer que lá tem um feto, não é um bezerro. (ri) Assim como eles falam da mulher, que dentro da barriga da mulher, até a sexta semana, é um tipo de coisa, depois um amontoado de célula e assim por diante, que não é uma criança", disse Cattani.

Pressionado após a fala, o deputado não recuou e foi a um curral e gravou um novo vídeo, pedindo desculpas:

"Meninas, eu quero que vocês fiquem sabendo que eu nunca comparei a gestação com outro animal ou qualquer coisa nesse sentido. Isso foi uma questão que a mídia colocou como se a gente tivesse comparado vocês e denegrido vocês. E a mídia colocou como se tivesse comparado com feministas, as militantes feministas, e isso eu jamais faria. Portanto, eu quero pedir a vocês que, por favor, me desculpem". Nesse momento, a câmera vira para as vacas, em um discurso com tom misógino e usando um termo racista.

"Eu jamais teria coragem de comparar... Não fiquem bravas, calma, calma. Eu jamais iria comparar vocês som as feministas, de maneira nenhuma, me perdoem, do fundo do coração", continuou.

Em outro vídeo, ele aparece com uma mulher, rindo da situação e mugindo.

A Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública já pediram providencias à mesa diretora da Assembleia. A casa legislativa mato-grossense é presidida por uma mulher: a deputada Janaína Riva (MDB), única da legislatura.

Assim que tomou conhecimento dos vídeos, a presidente publicou uma nota classificando os vídeos como "infelizes e inaceitáveis", e lembrou o deputado que o caso pode ser levado ao Conselho de Ética, correndo risco de perder o mandato. O deputado Lúdio Cabral (PT) afirmou que levará a situação infeliz para o conselho.