O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje (22) que indicações de polĂticos para ocuparem cargos de ministros como o do Trabalho ou da Casa Civil são "acomodações polĂticas inteiramente normais", e que, no caso especĂfico da indicação de Onyx Lorenzoni e do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para essas pastas, decorre da "necessidade de melhorar o arco de alianças e entendimento no Senado".
O anĂșncio dos nomes de Lorenzoni e Nogueira para comandar as duas pastas foi feito nesta quinta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. A expectativa é que eles assumam os cargos na semana que vem.
"Para nós, sempre foi importante conseguir a sustentação polĂtica para fazer as reformas que estavam andando [na Câmara dos Deputados] e foram bloqueadas por um problema do Senado. A democracia é isso. Quando tem pressão polĂtica, o presidente faz movimento polĂtico. Toda reforma ministerial é feita com conteĂșdo polĂtico, mas isso não vai mudar a orientação da polĂtica econômica", disse Paulo Guedes hoje a jornalistas na portaria do Ministério da Economia.
"O que aconteceu desta vez foi que hĂĄ necessidade de melhorar o arco de alianças e entendimento no Senado", acrescentou Guedes, ao comentar o convite feito a Nogueira que, segundo o ministro, "é um profissional de polĂtica". A entrada do senador na Casa Civil, que tradicionalmente foi um cargo ocupado por polĂticos, "é um movimento polĂtico natural", disse o ministro.
Para Guedes, a melhor interpretação para o que estĂĄ acontecendo é que "o presidente não cedeu o coração da polĂtica econômica, por pressão polĂtica, a outros partidos". Além disso, as indicações são de pessoas alinhadas com as polĂticas liberais adotadas pelo governo., acrescentou "EstĂĄ havendo uma reorganização interna, sem nenhuma ameaça ao coração da polĂtica econômica", disse o ministro, ao negar que o movimento possa ser mal interpretado pelo mercado.
"Às vezes, o governo é criticado porque não tem interlocução polĂtica, e por isso estaria isolado. AĂ, quando o governo coloca um polĂtico lĂĄ, dizem que o governo foi capturado. Precisamos de leituras mais construtivas e sofisticadas", completou.
Mais cedo, Bolsonaro confirmou a recriação do Ministério do Trabalho e PrevidĂȘncia, que, no inĂcio do governo, foi agrupado com outros quatro ministérios para a criação do Ministério da Economia, sob o comando do ministro Paulo Guedes. O atual ministro da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica, Onyx Lorenzoni, serĂĄ o titular do novo ministério, e o atual chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, p substituirĂĄ na Secretaria Geral.
De acordo com Bolsonaro, o nĂșmero de ministérios serĂĄ restabelecido para o total de 23. Em fevereiro deste ano, com a aprovação da autonomia do Banco Central, o órgão perdeu status de ministério e se transformou em autarquia federal.
Em março deste ano, o presidente jĂĄ havia promovido uma reforma ministerial, com mudanças em seis ministérios: Casa Civil e Secretaria de Governo, ambas ligadas à PresidĂȘncia da RepĂșblica, ministérios da Justiça e Segurança PĂșblica, das Relações Exteriores e da Defesa e também da Advocacia-Geral da União (AGU).