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Saiba o que Ă© a hidradenite supurativa e quais os fatores de risco

Dermatologista Wagner Galvão defende a importância do diagnóstico precoce da hidradenite supurativa - Wagner Galvão/ divulgaçãoComo se trata...

Por PH em 30/01/2023 às 07:52:15

Dermatologista Wagner Galvão defende a importância do diagnóstico precoce da hidradenite supurativa - Wagner Galvão/ divulgação

Como se trata de uma doença que evolui em crise, as lesões que aparecem nas axilas, virilha, nĂĄdegas ficam vermelhas, dolorosas, muitas vezes soltando pus. A história normal do paciente é procurar ajuda em pronto-socorro. Wagner Galvão afirmou porém que, muitas vezes, os médicos de pronto-socorro tĂȘm dificuldade de fazer diagnóstico. "Tipicamente, o atraso do diagnóstico entre o surgimento das lesões e o paciente chegar ao diagnóstico da hidradenite supurativa leva 12 anos e ele passa, em média, por 14 médicos, até conseguir o diagnóstico", revelou o especialista.

O conceito de prevenção se equipara à prevenção secundĂĄria. Ou seja, identificar antes para não evoluir. "Para fazer o diagnóstico, eu preciso da lesão tĂ­pica no lugar tĂ­pico de uma decorrĂȘncia de crise. Sem a lesão, eu não consigo falar nada. Para eu conseguir intervir, a pessoa jĂĄ tem o problema". Galvão destacou que, quando o dermatologista intervém precocemente, consegue evitar grandes complicações. Significa que, desse modo, as lesões, ou caroços, não evoluem a tal ponto de prejudicar a pessoa e fazĂȘ-la entrar em depressão. "A gente minimiza muito os impactos da doença, que podem ser tenebrosos. Quando a gente diagnostica precocemente é a janela de oportunidade para impedir a evolução da doença", reforçou.

PrevalĂȘncia

Estudos de prevalĂȘncia mostram que a hidradenite supurativa atinge 0,4% da população no Brasil. "Muitas vezes, essa prevalĂȘncia é subestimada, por atraso de diagnóstico. No mundo, a proporção de casos graves é, em geral, em torno de 5%". No Brasil, os casos graves representam quase 40%, informou Wagner Galvão. Segundo ele, os casos são mais comuns em afrodescendentes e em mulheres. "Cerca de 60% a 70% dos casos são em mulheres", informou.

Existe uma razão para isso. É que, normalmente, a doença estĂĄ associada a uma fase hormonal mais bem definida na mulher do que no homem. "Eu tenho mais casos em mulheres. Mas, quando olho somente os casos mais graves, não tenho uma diferença tão grande entre homens e mulheres". Nos homens, hĂĄ menos casos mas, proporcionalmente, hĂĄ mais casos graves.

Por faixa etĂĄria, a doença começa, tipicamente, na puberdade ou na fase pré-pĂșbere, por volta dos 10 anos, 12 anos, 14 anos, podendo surgir mais tarde. Ela é menos comum na fase infantil, quando estĂĄ associada a sĂ­ndromes de algumas doenças autoinflamatórias.

Galvão participa, nesta semana, do Congresso Europeu de Hidradenite Supurativa. Naquela região, o diagnóstico é melhor, afirmou o médico brasileiro, que vai participar das discussões sobre a doença.

Tratamento

Wagner Galvão explicou que o tratamento para a doença depende do estĂĄgio de gravidade. "Houve um grande avanço, nos Ășltimos anos, no tratamento da hidradenite supurativa", comentou. Em casos leves, são usados cremes e pomadas, além de outras medidas para reduzir crises. Nos casos que vão de intermediĂĄrios a graves, existe uma medicação imunobiológica denominada Adalimumabe, disponĂ­vel atualmente no Brasil no Sistema Único de SaĂșde (SUS) e também coberta pelos planos de saĂșde. No site do Ministério da SaĂșde, o SUS publicou o primeiro Protocolo ClĂ­nico de Diretrizes TerapĂȘuticas (PCDT) para tratar a doença. O protocolo inclui terapias inovadoras, como, medicamentos biológicos, disponĂ­veis atualmente também em planos de saĂșde privados.

No verão, por conta das alterações de temperatura, é preciso ter cuidados especiais, como roupas mais folgadas e de tecido leves nos dias mais quentes, que não friccionem a pele, alertam os especialistas. Wagner Galvão é também médico do Hospital SĂ­rio-LibanĂȘs e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ambos em São Paulo.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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