Nas redes sociais: Paes rebate delegado preso por armar operações falsas para influenciar eleições: 'Vagabundo'

Os promotores descobriram, com a quebra do sigilo telefônico, que o policial fez com toda a família rotineiras viagens internacionais em classe executiva pagas em espécie. Também foram constatados, durante a investigação, hospedagens em hotéis de luxo, aluguel de mansões na Costa Verde e carros de luxo no Brasil e no exterior.

O documento foi assinado por Demétrio e Eduardo "Eddy" Salazar, dono da empresa. O detetive particular ainda informou os dados de duas contas bancárias ao então delegado da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) para que os valores fossem transferidos. O montante seria usado para pagar a investigação e cobrir todas as despesas. No contrato, Salazar declarou que o valor poderia sofrer acréscimos caso os detetives precisassem prosseguir nas buscas.

R$ 35 mil com carro blindado e seguranças em SP

O que também chamou a atenção dos promotores foi uma viagem do delegado à capital paulista. Em uma conversa encontrada no celular dele, os investigadores descobriram que Demétrio pagou quase R$ 35 mil entre os dias 10 e 14 de dezembro do ano passado para a ida a São Paulo. A troca de mensagens aconteceu entre o agente e um profissional de uma agência de viagens.

Nos aparelhos periciados, os investigadores encontraram ainda fotos de Demétrio no Condomínio Portobello, em Mangaratiba. Uma recepcionista do local, em mensagens, afirmou que o delegado chegou a pagar as despesas a vista "em bolinhos de R$ 30 mil".

— Acho que pode haver (uma perseguição) de cunho pessoal, porque as provas são fraquíssimas e não se sustentam. Tem uma representação no CNMP contra um promotor de Petrópolis. Pode ser que esse Celso o esteja perseguindo.

Em nota, o promotor Celso Quintella Aleixo afirmou que "ao contrário do alegado pelo advogado, as provas dos processos contra o delegado Maurício Demétrio são numerosas e robustas, sendo esse o motivo de estar preso e sendo processado criminalmente". Ainda de acordo com o comunicado, o promotor diz que "o advogado, na falta de melhores argumentos para defender seu cliente, usa do velho golpe de tentar desacreditar a atuação dos promotores de justiça, levantando, de forma leviana e irresponsável, acusações de perseguição desprovidas de fundamento". Em relação a representação feita por Demétrio ao CNMP, Aleixo disse que ela "foi arquivada à unanimidade pelo Conselho Nacional do Ministério Público eis que não identificada qualquer falta funcional". Por fim, o promotor afirmou que"o delegado já era investigado mesmo antes dela ser protocolada".

— Já existia um pedido de prisão do primeiro processo. Não havia necessidade de um novo pedido (expedido na última quarta-feira). Essa é uma estratégia do MP (para manter) uma prisão que se alonga há mais de seis meses. (Na última semana) pedimos a liberdade, mas o juiz entendeu que havia fatos que justificavam a manutenção da prisão — disse Mattos.

Em nota, a Polícia Civil afirma que a corregedoria da corporação demitiu 19 servidores desde o início da atual gestão, número superior que os anos de 2019 e 2020 somados.

"Quanto ao delegado Maurício Demétrio, está afastado de suas funções por ordem judicial, recebendo parte do salário, cumprindo a legislação em vigor. Sobre prazos do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o delegado Maurício Demétrio, a Corregedoria esclarece que todos os processos estão sendo observados e cumpridos dentro do rito e prazos legais. Vale destacar que os fatos investigados pelo MP ocorreram antes da gestão atual da Polícia Civil, não cabendo à Instituição se manifestar sobre suposições feitas "em off". Todas as consultas realizadas por policiais são registradas no sistema da Polícia Civil. Ou seja, exatamente graças a este absoluto controle das consultas é que houve base para a presente investigação.", diz trecho da nota.