Estudos e medicamentos gratuitos empurram paraguaios para o sistema de saúde do Brasil

Cada vez mais compatriotas investem um pouco de dinheiro na administração de uma residência brasileira para fazer tratamentos e estudos, que aqui são caros e gratuitos ali.

Os paraguaios que vão a Foz de Yguazú, Brasil, para tratamento geralmente pertencem a um setor que exige estudos mais complexos e tratamentos mais caros e para o qual não encontram resposta nos serviços públicos de saúde de Ciudad del Este.

Entre esses pacientes estão pacientes renais, doenças cardíacas complexas, câncer, entre outros. Em geral, os depoimentos indicam que o serviço de saúde, especialmente no atual governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva, é muito melhor em todos os sentidos.

Um desses paraguaios, que pediu para não ser identificado, relatou que tinha problemas cardíacos, por isso recorreu ao sistema de saúde do país vizinho para fazer um estudo que não estava disponível no Hospital Regional e que no setor privado, o costa custou G. 3.200.000.

Ele comentou que para ter acesso a tal benefício de saúde bastava apenas gerenciar seu cadastro de pessoa física (CPF) junto à Polícia Federal brasileira.

Em Ciudad del Este –disse–, há gestores que têm seu contato em Foz que fazem justamente toda essa gestão cadastral.

"Não é apenas muito barato. Custou-me G4.000.000, mas a poupança é muito maior, se tivermos em conta que, no meu caso, a solução para o meu problema estava em Assunção", observou, sem deixar de referir que os medicamentos e os estudos que devem ser ser realizados – caros, aliás – são gratuitos no sistema de saúde brasileiro.

Ao ser questionado sobre como trata a residência, que é um dos requisitos para iniciar o processo de acesso ao CPF, indicou que o gestor tem contatos em Foz de Yguazú através de moradores locais.

"O gerente tem lá gente que te ajuda dizendo que aluga a casa para você. Hoje não tem muito controle, então a gestão é muito rápida. Depois de ter o CPF, você pode consultar qualquer serviço de saúde", comentou.

LAR. "No Brasil a exigência é ser residente para ter o CPF, não é como na Argentina, onde qualquer estrangeiro que chegasse aos hospitais já era atendido. No Brasil, sim ou sim, eles exigem registro. Aqui o serviço de saúde não está habilitado para quem reside fora do país", esclareceu.

O interessado é quem deve obter endereço no Brasil, mas no caso de procedimento realizado por gestores, eles são responsáveis ??por isso.

"Acontece que você tem que cadastrar um endereço na Polícia Federal e o controle é aleatório. Pode ou não tocar em você. O processo é feito online e depois tem uma entrevista física, onde você tem que sair aconteça o que acontecer e depois de 72 horas eles habilitam o CPF e aí você tem que retirar o documento", explicou.

Esclarece que caso a Polícia Federal verifique que quem processa o CPF não é residente, todo o processo é anulado. O próximo passo é fazer o cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), que é uma etapa bem mais simples. O procedimento é realizado na Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal. "E espere que eles lhe dêem um cartão para que você possa usar a rede pública e privada de saúde do Brasil", disse ele.

Ele revelou que é um truque que se usa, mas que vale a pena, quando se tem um problema de saúde complexo e não se tem recursos financeiros suficientes. "Se você vai fazer o procedimento é bem mais barato, mas tem que saber onde está. Conheça as pessoas. Em Foz de Yguazú tem gente que por 200 reais (cerca de G. 300 mil) finge que aluga a casa para você e se a Polícia Federal chega e pergunta por você, eles falam que você saiu para trabalhar e que você vai voltar à tarde", disse ele.