Canal 73

Aumentar vacinação de grupos de risco Ă© desafio no combate à covid-19

Há três anos, no dia 17 de janeiro de 2021, foi vacinada a primeira brasileira contra a covid-19.

Por PH em 17/01/2024 às 09:35:34

HĂĄ trĂȘs anos, no dia 17 de janeiro de 2021, foi vacinada a primeira brasileira contra a covid-19. A enfermeira Mônica Calazans recebeu a dose da Coronavac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacĂȘutica chinesa Sinovac. Atualmente, o desafio é aumentar a cobertura vacinal do pĂșblico considerado de risco para a doença, conforme avaliam especialistas ouvidos pela AgĂȘncia Brasil.

O médico infectologista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa), ressaltou que, embora a pandemia de covid-19 tenha sido "debelada", o vĂ­rus continua circulando e ainda hĂĄ mortes pela doença. "Continuam acontecendo mortes pela covid-19. Então uma questão importante é atualizar o calendĂĄrio vacinal", alertou.

Durante a pandemia, segundo avaliação do médico, o paĂ­s passou por momentos muito crĂ­ticos, como o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e representantes do governo federal, que se posicionavam de forma negacionista e antivacina. Por outro lado, Vecina apontou como positiva a atuação por parte da rede periférica de serviços de saĂșde pĂșblica para conseguir avançar na imunização da população.

"Principalmente a atenção primĂĄria [de saĂșde], que se dispôs e conseguiu avançar muito dentro da possibilidade de vacinação. Apesar da campanha contra, apesar dos negacionistas, nós conseguimos controlar a pandemia graças à expansão da vacinação", disse.

Primeira pessoa vacinada contra a covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans contou à AgĂȘncia Brasil que aquele momento não sai de sua mente. "Eu lembro do momento com muita emoção, me traz a memória [de que] naquele momento a gente estava saindo de uma situação por conta da vacina. Então me traz também muita alegria porque eu estava mostrando para os brasileiros que o que nós temos de seguro para enfrentar a covid-19 é a vacina", disse.

"Eu entendo que estava representando os brasileiros, a gente não tinha esperança de nada. E, no dia 17 de janeiro de 2021, eu consegui trazer um pouco de esperança no coração brasileiro. Foi uma questão de muita alegria, emoção misturada com esperança. Foi um fervilhão de sentimentos naquele dia", acrescentou a enfermeira.

Ela lembra de situações no transporte pĂșblico ao comparar o perĂ­odo mais crĂ­tico da pandemia com o momento atual. "Naquele momento tão crucial, tão traumĂĄtico, as pessoas tinham medo até de sentar ao seu lado [no transporte], as pessoas não se aproximavam. E hoje não".

"Hoje vocĂȘ consegue andar sem mĂĄscara, vocĂȘ consegue ver o sorriso das pessoas, vocĂȘ pega na mão das pessoas, porque anteriormente vocĂȘ não pegava na mão de ninguém", comparou. Apesar disso, ela destaca a importância de se manter a vacinação contra a covid-19 ainda hoje.

Vacinação infantil

O infectologista Gonzalo Vecina Neto ressaltou que atualmente hĂĄ uma baixa cobertura de vacinação de crianças. "A mortalidade estĂĄ muito elevada nas crianças abaixo de 5 anos por causa da baixa cobertura", acrescentou. As variantes que estão circulando atualmente tĂȘm uma grande capacidade de disseminação, mas uma mortalidade mais baixa. No entanto, a doença pode ainda acometer de forma grave especialmente os grupos que tĂȘm menos defesas imunológicas.

Tais grupos são os idosos, crianças pequenas, gestantes e portadores de comorbidades. "Esses grupos tĂȘm uma fragilidade do ponto de vista de enfrentar imunologicamente o invasor no corpo, por isso eles se beneficiam da vacina. Particularmente esses mais frĂĄgeis, ao terem a doença, tem uma maior possibilidade de hospitalização e de morte", explicou Vecina.

De acordo com Rosana Richtmann, infectologista do Instituto EmĂ­lio Ribas, a tendĂȘncia é que se faça a vacinação anual especialmente para os grupos de maior risco, utilizando vacinas que consigam dar proteção contra as novas variantes do vĂ­rus causador da doença.

"O que a gente aprendeu com a covid-19 é que o vĂ­rus vai tendo pequenas mutações, ele vai mudando a sua genética, vai escapando da nossa imunidade. Isso é um processo contĂ­nuo. Então, muito mais importante do que vocĂȘ me contar quantas doses de vacina de covid-19 vocĂȘ tomou nesses Ășltimos trĂȘs anos, a minha pergunta seria quando foi a sua Ășltima dose e qual vacina vocĂȘ tomou. Se vocĂȘ tiver uma dose atualizada, é suficiente", explicou.

A infectologista destacou que, nos Estados Unidos, jĂĄ estĂĄ disponĂ­vel a vacina mais atualizada, uma monovalente que combate a variante XBB da doença. "O Brasil estĂĄ usando a bivalente [que combate cepas anteriores], dentro do paĂ­s é a mais atual, mas não é a mais atualizada disponĂ­vel no mundo. A gente julga que, neste momento, seria importante o Brasil adquirir essa vacina monovalente atualizada no lugar da bivalente", defendeu.

Para Richtmann, um dos principais desafios a serem enfrentados neste momento é justamente a vacinação de crianças pequenas, a partir de seis meses de idade, considerado grupo de risco para a doença. Ela ressalta que adultos e crianças maiores chegaram a ter a doença ou tomar a vacina, o que garante alguma proteção contra o vĂ­rus.

"HĂĄ um desafio para vacinar essa população, porque é uma população virgem de proteção, eles não tĂȘm proteção nem adquirida, nem através da vacinação", disse. Ela reforça a importância de a vacinação de crianças contra a covid-19 fazer parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI). "No ano passado, tivemos 135 mortes de crianças, é um nĂșmero que poderia ter sido prevenido através de vacinação", acrescentou.

Ministério da SaĂșde

A Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19 no Brasil começou em 18 de janeiro de 2021, após a aprovação para uso emergencial das vacinas Sinovac/Butantan e AstraZeneca/Fiocruz, no dia anterior, informou o Ministério da SaĂșde (MS), acrescentando que o ĂȘxito da campanha foi possĂ­vel mediante o envolvimento das trĂȘs esferas de governo.

Até o momento hĂĄ cinco vacinas autorizadas pela AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) e em uso no Brasil: duas com autorização para uso emergencial (CoronaVac/Butantan e Comirnaty bivalente Pfizer) e trĂȘs com registro definitivo (AstraZeneca/Fiocruz, Janssen-Cilag e Comirnaty Pfizer/Wyeth). No paĂ­s, as vacinas covid-19 continuam disponĂ­veis e são recomendadas para a população geral a partir dos 6 meses de idade.

"Em fevereiro de 2023, juntamente com o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, foi iniciada a estratégia de vacinação para grupos prioritĂĄrios com a vacina bivalente e com a recomendação de dose de reforço para essa população a partir de 12 anos. Ainda em 2023, essa estratégia foi incorporada ao CalendĂĄrio Nacional a vacinação para o pĂșblico infantil de 6 meses a menores de 5 anos", disse a pasta, em nota.

Na avaliação de cobertura vacinal, para o esquema primĂĄrio de duas doses, com as vacinas monovalentes, o MS registra uma cobertura de 83,86%, desde o inĂ­cio da campanha em janeiro de 2021 até janeiro de 2024.

"É importante destacar que, à medida que forem obtidas novas aprovações regulatórias e as vacinas adaptadas às novas variantes, o Ministério vai adequando as necessidades assim que os imunizantes estiverem disponĂ­veis no paĂ­s por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), seguindo as recomendações e atualizando os esquemas de vacinação", diz a nota.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro
Governo Agro

ComentĂĄrios

Assembleia Legislativa