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Casos de sĂ­filis e de HIV/aids aumentam entre homens jovens

Dados do Ministério da Saúde indicam que o país vem registrando queda nos casos de HIV/aids, mas não entre homens de 15 a 29 anos.

Por PH em 01/12/2023 às 09:48:29
Divulgação

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Dados do Ministério da SaĂșde indicam que o paĂ­s vem registrando queda nos casos de HIV/aids, mas não entre homens de 15 a 29 anos. Nesta faixa, o Ă­ndice tem aumentado, chegando, em 2021, a 53,3% dos infectados de 25 a 29 anos. Os nĂșmeros da pasta também registram crescimento dos casos de sĂ­filis em homens, mulheres e gestantes.

No mĂȘs em que se realiza a campanha Dezembro Vermelho, iniciativa de conscientização para a importância da prevenção contra o vĂ­rus HIV/aids e outras Infecções Sexualmente TransmissĂ­veis (ISTs), a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta que, se não tratadas, essas infecções podem causar lesões nos órgãos genitais, infertilidade, doenças neurológicas e cardiovasculares e até câncer como o de Ăștero e de pĂȘnis.

Ao longo do mĂȘs de dezembro, a sociedade médica esclarece as principais dĂșvidas envolvendo as ISTs por meio de live, posts e vĂ­deos em seu perfil nas redes sociais (@portaldaurologia).

Vacinação

Apesar de o SUS oferecer a vacinação contra o HPV para meninos e meninas de 9 a 14 anos, segundo o Ministério da SaĂșde, a cobertura da segunda dose estĂĄ em 27,7% entre os meninos. JĂĄ entre as meninas, a cobertura é maior, atingindo 54,3%, mas ainda longe dos 95% recomendados.

Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU e uma das responsĂĄveis pela campanha, disse que os urologistas tĂȘm percebido que o uso dos preservativos nas relações sexuais tem decaĂ­do muito nos Ășltimos anos, enquanto a transmissão das ISTs segue em alta.

"Outra grande preocupação é que muitas dessas infecções estão se tornando resistentes aos tratamentos existentes, em vĂĄrias partes do mundo. Por essas razões, decidimos que temos que voltar a falar mais sobre o assunto, alertar e instruir a população e os agentes de saĂșde, e este é o terceiro ano consecutivo que adotamos o Dezembro Vermelho, mĂȘs jĂĄ tradicional de conscientização sobre a aids, como o mĂȘs dedicado à temĂĄtica de todas as ISTs", disse a médica, em nota.

Sintomas

As ISTs podem ser causadas por vĂ­rus, bactérias ou outros microrganismos. Entre as mais comuns estão herpes genital, sĂ­filis, HPV, HIV/aids, cancro mole, hepatites B e C, gonorreia, clamĂ­dia, doença inflamatória pélvica, linfogranuloma venéreo e tricomonĂ­ase.

Algumas ISTs, em seu estĂĄgio inicial, são silenciosas, não apresentando sinais ou sintomas, ou os sintomas iniciais podem desaparecer espontaneamente, dando a falsa impressão de que a doença foi curada, o que pode atrasar o tratamento e agravar as complicações e as consequĂȘncias, que podem ser infertilidade, câncer e até mesmo a morte.

Entre os sintomas mais comuns estão: feridas, corrimento, verrugas, dor pélvica, ardĂȘncia ao urinar, lesões de pele e aumento de Ă­nguas.

O uso do preservativo (masculino ou feminino) continua sendo a melhor forma de prevenção, além da vacinação contra ISTs como HPV e hepatite.

EstatĂ­sticas de HIV/aids

Dados do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022 do Ministério da SaĂșde apontam que o nĂșmero de infectados vem caindo, exceto entre os homens de 15 a 29 anos. De acordo ainda com o boletim, a quantidade de infectados pelo HIV em 2021 era maior entre os homens de 25 a 29 anos (53,3%). Nas mulheres, o maior Ă­ndice foi registrado entre 40 e 44 anos (18,4%).

Somente em 2021, foram contabilizadas 28.967 infecções pelo vĂ­rus em pessoas com idade entre 15 e 39 anos, sendo 22.699 entre os homens e 6.268 entre as mulheres.

Na anĂĄlise do nĂșmero de casos em geral, a maior quantidade nos Ășltimos anos vem sendo registrada entre o sexo masculino.

Segundo Karin Anzolch, na época que eclodiu a aids, e por vĂĄrios anos depois, muitas pessoas se assustaram e de fato passaram a adotar e a exigir o uso do preservativo, bem como começaram a ter mais cuidado na escolha de parceiros. Entretanto, com o tempo, muitas pessoas se descuidaram e passaram a banalizar os riscos de contĂĄgio, o que não só as deixaram novamente expostas ao HIV, mas a todas as outras ISTs que são altamente prevalentes.

Outro ponto importante de salientar, de acordo com a médica, é que, embora as pessoas que vivem com HIV hoje em dia disponham de tratamentos eficazes que não somente prolongam, mas também oferecem uma boa qualidade de vida, não se pode esquecer que, para isso, elas precisam tomar regular e constantemente medicações e ter uma rotina bem rĂ­gida de cuidados, exames e controles médicos, jĂĄ que ainda se trata de uma doença incurĂĄvel.

"Agora imagine um jovem, iniciando a sua vida, contraindo uma doença dessas e jĂĄ tendo que conviver com esse ônus, influenciando todo o seu presente e futuro. E é o que estĂĄ ocorrendo, infelizmente, sobretudo entre o pĂșblico jovem masculino, em que se verificou um aumento na incidĂȘncia da doença. Isso é resultado de uma série de razões, mas sem dĂșvida a exposição durante a prĂĄtica de sexo desprotegido, bem como o consumo de drogas injetĂĄveis, estão entre os principais fatores", afirmou a médica.

Desde o inĂ­cio da epidemia de aids (1980) até 2021, foram notificados no Brasil 371.744 óbitos devido à doença. A maior proporção desses óbitos ocorreu no Sudeste (56,6%), seguido das regiões Sul (17,9%), Nordeste (14,5%), Norte (5,6%) e Centro-Oeste (5,4%).

EstatĂ­sticas de sĂ­filis

Segundo o Boletim Epidemiológico SĂ­filis 2023, do Ministério da SaĂșde, de 2012 a 2022, foram notificados no paĂ­s 1.237.027 casos de sĂ­filis adquirida, 537.401 casos de sĂ­filis em gestantes, 238.387 casos de sĂ­filis congĂȘnita e 2.153 óbitos por sĂ­filis congĂȘnita. Houve aumento na taxa de detecção de sĂ­filis adquirida de 2012 a 2022, exceto em 2020, provavelmente em decorrĂȘncia da pandemia de covid-19.

O boletim também indica aumento em casos e taxa de detecção de gestantes com sĂ­filis, de 2012 a 2022. A Região Sudeste é a campeã, com 248.741 casos registrados, seguida do Nordeste, com 112.073.

"A sĂ­filis se manifesta inicialmente como uma lesão na pele, no local onde foi feita a inoculação por contato direto com a lesão de uma pessoa infectada (sĂ­filis primĂĄria). Mesmo sem tratamento, essa lesão inicial cicatriza espontaneamente, dando a falsa impressão de que a lesão não era 'nada de grave', mas a pessoa continua infectada e a doença continua evoluindo, podendo provocar a morte do paciente", destacou Alfredo Canalini, presidente da SBU.

Na opinião do vice-presidente da SBU, Roni de Carvalho Fernandes, para combater a sĂ­filis no Brasil, algumas medidas poderiam ser adotadas, como educação e conscientização, acesso facilitado a testes e tratamentos, melhorias no sistema de saĂșde, ampliação do pré-natal e fortalecimento da vigilância epidemiológica.

"É importante ressaltar que a adoção dessas medidas deve ser feita de forma integrada e contĂ­nua, visando à prevenção, detecção e tratamento adequado da sĂ­filis para reduzir sua incidĂȘncia e impacto no Brasil", recomenda Fernandes.

Vacinação contra o HPV

O papilomavĂ­rus humano (HPV) é responsĂĄvel por cerca de 50% dos cânceres, entre os quais colo de Ăștero, ânus, vulva, vagina, orofaringe e pĂȘnis. E a vacinação contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenir o contĂĄgio.

A SBU realiza anualmente, em setembro, a campanha #Vemprouro, de conscientização da saĂșde do adolescente masculino, e aproveita para chamar a atenção sobre a importância da imunização.

Segundo a médica Karin, o Ă­ndice de vacinação ainda estĂĄ muito aquém do ideal, especialmente entre os meninos. Além dos cânceres, o HPV também pode ocasionar verrugas genitais de demorado e difĂ­cil tratamento, que estigmatizam a pessoa e levam a consequĂȘncias nos relacionamentos e risco de transmissão.

"Pessoas com imunossupressão, nas quais se incluem os transplantados e pessoas que vivem com HIV, tĂȘm riscos ainda maiores, e a faixa etĂĄria para vacinação gratuita nesse grupo e para as pessoas vĂ­timas de violĂȘncia sexual foi estendida para até 45 anos. Temos trabalhado muito a vacinação do HPV, justamente por todas essas questões, mas especialmente entre os adolescentes masculinos, um pĂșblico que ainda não estĂĄ sendo suficientemente motivado ou direcionado para receber esse benefĂ­cio", sinaliza Karin.

Como o HPV é uma doença na maioria das vezes assintomĂĄtica e com remissão espontânea em até dois anos, muitas pessoas não descobrem ter o vĂ­rus e o transmitem a seus parceiros. Por isso a importância do incentivo à vacinação. A vacina estĂĄ disponĂ­vel no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos (além de pessoas imunossuprimidas), mas a cobertura ainda não chega nem próxima da meta recomendada de 95%.

Entre as consequĂȘncias do HPV estão os cânceres de colo de Ăștero e de pĂȘnis. Em 2021, foram registradas mais de 6 mil mortes de mulheres devido ao câncer de colo de Ăștero, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da SaĂșde. E a estimativa é que surjam mais de 17 mil novos casos em 2023.

Com relação ao câncer de pĂȘnis, de 2007 a 2022, foram realizadas no SUS 7.790 amputações de pĂȘnis decorrentes de tumores malignos, o equivalente a uma média de 486 procedimentos por ano. Em relação ao nĂșmero de mortalidade em decorrĂȘncia da doença, é registrada uma média de 400 por ano.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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