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FrequĂȘncia de meninas ao mĂ©dico Ă© 18 vezes maior que a dos meninos

Pesquisa inédita feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde revela

Por PH em 07/09/2022 às 12:34:37

Pesquisa inédita feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da SaĂșde revela que o nĂșmero de consultas de meninos adolescentes, de 12 a 18 anos, ao urologista é 18 vezes menor que o de atendimentos de ginecologistas a meninas da mesma faixa etĂĄria.

Em 2021, foram registrados 189.943 atendimentos femininos por ginecologistas na faixa etĂĄria de 12 a 18 anos, contra 10.673 atendimentos masculinos por urologistas nessa mesma faixa etĂĄria. Em 2020, foram 165.925 atendimentos de meninas por ginecologistas e 7.358 atendimentos de meninos por urologistas.

Ampliando o levantamento para a busca por atendimento médico, as meninas entre os 12 e os 19 anos vão quase duas vezes e meia a mais ao médico que os meninos da mesma idade. NĂșmeros de 2020 do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do Ministério da SaĂșde revelam que o acesso das meninas entre 12 e 19 anos ao SUS foi quase 2,5 vezes maior que o dos meninos: 10.096.778 de meninas, contra 4.066.710 de meninos.

Independentemente da faixa etĂĄria, o homem procura menos o médico para consultas de rotina, o que faz com que ele tenha uma expectativa de vida de menor. "As mulheres vivem, em média, sete a dez anos mais do que os homens. A gente percebeu que isso ocorre porque o homem não procura fazer os exames necessĂĄrios, como as mulheres fazem", disse o presidente da SBU, Alfredo Canalini, à AgĂȘncia Brasil.

Para os médicos, não adianta fazer campanha apenas para o homem adulto, jĂĄ que esse comportamento é reflexo de toda uma história de vida que começa logo depois que o menino larga o pediatra.

Canalini afirma que, ao contrĂĄrio das meninas, que as mães levam à ginecologista para serem avaliadas tão logo entram na adolescĂȘncia e menstruam, os meninos "ficam meio à deriva". "O adolescente do sexo masculino não vai ao médico".

#VemProUro

Neste mĂȘs, a SBU realiza a quinta edição da campanha #VemProUro, que enfatiza a importância de o menino ir ao médico na adolescĂȘncia. Este ano, a campanha aborda a relevância dos cuidados com a saĂșde genital e reprodutora e visa, principalmente, os pais, para que tenham consciĂȘncia da necessidade de levar não só as filhas, mas também os filhos, a um atendimento médico preventivo – e não apenas quando ficam doentes.

A campanha se engaja ainda na luta contra os cânceres provocados pelo HPV, incentivando os responsĂĄveis a levarem seus filhos adolescentes para serem vacinados.

O coordenador da campanha, Daniel Suslik Zylbersztejn, acredita que, com o passar do tempo, a campanha contribuirĂĄ decisivamente para uma mudança de cultura de cuidados à saĂșde dos meninos, equiparando ao que vemos hoje nos cuidados à saĂșde das meninas adolescentes.

Durante o mĂȘs, serão realizadas ações online de esclarecimento à população no perfil da SBU nas redes sociais (@portaldaurologia). No site, a SBU também terĂĄ conteĂșdos voltados para os adolescentes.

Na avaliação do presidente da entidade, é preciso uma mudança de comportamento social. Sem o hĂĄbito de ir ao urologista quando jovens, os pais acabam não levando seus filhos homens para exames de rotina. "Investimento em saĂșde não é tratar mais doença, mas evitar mais doenças. Tratar da saĂșde de uma pessoa não é só curar essa pessoa quando ela estĂĄ doente, mas é também prevenir que a doença ocorra", avalia Canalini.

Segundo o presidente da SBU, para cada R$ 1 gasto em medicina preventiva, economiza-se R$ 5 em tratamento de doenças avançadas. "Esse é um dado bom para a saĂșde pĂșblica porque significa economia do dinheiro pĂșblico quando se faz um processo de prevenção de doenças e diagnóstico precoce", alertou.

ISTs

De acordo com o coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente, José Murillo Bastos Netto, é cada vez mais comum o atendimento, em consultório ou no serviço pĂșblico de saĂșde, adolescentes com infecções sexualmente transmissĂ­veis.

Em 2020, pesquisa conduzida pela SBU com adolescentes constatou que 44% dos entrevistados não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam, ou usam raramente, o preservativo. Quatro em cada dez meninos (38,57%) disseram não saber sequer colocar o preservativo.

"O sexo seguro passa pelo aviso de que o preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais", afirmou Canalini.

Entre as ISTs mais comuns estão sĂ­filis, herpes simples, cancro mole, HPV, linfogranuloma venéreo, gonorreia, tricomonĂ­ase, hepatite B e C e HIV.

Sondagem divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE), em julho deste ano, mostra que, no perĂ­odo de 2009 a 2019, o percentual de escolares que usaram camisinha na Ășltima relação sexual caiu de 72,5% para 59%. Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% enquanto, entre os meninos, foi de 74,1% para 62,8%.

HPV

Meninos (de 11 a 14 anos) e meninas (de 9 a 14 anos) podem se vacinar contra o papilomavĂ­rus humano (HPV), a infecção sexualmente transmissĂ­vel mais comum. A imunização ajuda na prevenção contra o câncer de Ăștero nas mulheres e contra o câncer de pĂȘnis nos homens.

Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) revelam que apenas 36% dos meninos tomaram as duas doses da vacina, contra 56,2% das meninas. A vacina contra o HPV é ofertada gratuitamente no Sistema Único de SaĂșde (SUS). Podem se vacinar também contra o HPV homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.

Além do câncer de colo de Ăștero e de pĂȘnis, o HPV estĂĄ associado a cânceres de ânus e de orofaringe. O vĂ­rus tem uma prevalĂȘncia mundial estimada em 11,7% e a faixa etĂĄria de maior prevalĂȘncia é nos menores de 25 anos. Por ser uma doença na maioria das vezes assintomĂĄtica e com remissão espontânea em até dois anos, muitas pessoas ignoram ter o problema e o transmitem a seus parceiros.

Consulta

Educação sexual é um dos assuntos tratados na consulta de um adolescente do sexo masculino com o urologista.

De acordo com a SBU, a consulta ao médico na idade dos 12 aos 18 anos é importante para avaliação de vĂĄrios quesitos, entre eles, o desenvolvimento fĂ­sico e a nutrição, condições gerais de saĂșde, noções sobre a higiene correta do corpo e dos órgãos genitais, identificação e medidas preventivas para o desenvolvimento de doenças futuras como os fatores hereditĂĄrios e comportamentais, exame testicular e orientações sobre o autoexame para detecção de anormalidades como varicocele (veias dilatadas nos testĂ­culos que podem levar à infertilidade), hérnias, testĂ­culos mal descidos e tumores no órgão (cuja idade de maior risco começa por volta dos 14 a 15 anos).

Além desses temas, são abordadas orientações sobre ISTs, paternidade responsĂĄvel e prevenção de gravidez indesejada, uso correto do preservativo, fimose, excesso de pele no pĂȘnis, dĂșvidas sobre sexualidade e desenvolvimento genital, avaliação da caderneta de vacinação, orientações a respeito do inĂ­cio da vida sexual, entre outros assuntos.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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