Em audiĂȘncia pĂșblica na Comissão de Educação do Senado, nesta quinta-feira (5), o empresĂĄrio Jorge Guilherme da Silva Souza, dono da JG Consultoria e Assessoria, disse que sua empresa não atuou como intermediĂĄria na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a municĂpios.
O colegiado investiga suspeitas levantadas em março sobre a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na liberação de recursos do Ministério da Educação, de forma irregular.
Jorge Guilherme Souza foi convidado a prestar esclarecimentos por ter sido citado em outro depoimento colhido pelo colegiado, o do prefeito de RosĂĄrio (MA) Calvet Filho. Na ocasião, o prefeito disse que, por intermédio da JG, conseguiu uma agenda informal com o então ministro da pasta, Milton Ribeiro, para adiantar demandas.
"Talvez, ele tenha outras pessoas na equipe dele, na equipe parlamentar pela qual ele é assistido, aqui em BrasĂlia, que promovam esses encontros. E, quando ele falou que a equipe de BrasĂlia tem uma assessoria que promove essas agendas, certamente ele falou de forma genérica, mas não do Grupo JG", disse.
O empresĂĄrio acrescentou que não tem "proximidade" com nenhum governo. "Talvez, vossas excelĂȘncias tenham até acesso às visitas que as pessoas porventura fazem aos ministérios, e nós nunca fizemos nenhuma", afirmou.
Souza esclareceu aos senadores que o trabalho da JG "é tornar o municĂpio apto a receber os recursos". "Muitas vezes, os nossos clientes até confundem isso. E, talvez, isso aĂ, para nós, para mim, como empresĂĄrio, pode até facilitar quando um prefeito entende dessa forma, porque ele, às vezes, fecha algum tipo de contrato imaginando isso. Mas, quando vĂȘ o nosso trabalho técnico, muitas vezes, não sei se isso aĂ nos beneficia, porque nós oferecemos só o trabalho de capacitar as equipes", acrescentou.
Além de Jorge Guilherme da Silva Souza, a Comissão de Educação também havia convidado outras duas pessoas que não compareceram. Uma delas é o prefeito de Centro Novo (MA), Junior Garimpeiro, citado nas denĂșncias sobre a influĂȘncia de pastores no MEC e no FNDE.
O outro convidado ausente foi Crezus Ralph Lavra Santos, apontado como participante da intermediação da transferĂȘncia de recursos entre pastores e prefeito.
Ao contrĂĄrio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que tem competĂȘncia para convocar qualquer autoridade ou cidadão para depoimentos, uma comissão permanente, só pode fazer convocações a ministros e autoridades diretamente ligadas à PresidĂȘncia da RepĂșblica.
Mesmo com poderes limitados, no Senado, a Comissão de Educação investiga suspeitas levantadas em março sobre a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na liberação de recursos da educação.
As denĂșncias, que surgiram na imprensa, levaram à queda de Ribeiro, que também é pastor, dias depois. À época, em sua defesa, o ex-ministro afirmou que não praticou atos ilĂcitos. "Tenho plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o erĂĄrio. As suspeitas de que foram cometidos atos irregulares devem ser investigadas com profundidade", destacou Ribeiro.
Fonte: AgĂȘncia Brasil