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Vacinação

Médicos alertam gestantes sobre importância da vacinação no pré-natal

A cobertura da dTpa, ou tríplice bacteriana acelular, foi de apenas 75% em 2023.


Divulgação

A cobertura da dTpa, ou trĂ­plice bacteriana acelular, foi de apenas 75% em 2023. Essa é uma vacina aplicada quase exclusivamente em grĂĄvidas e deve ser tomada em todas as gestações, justamente para proteger os recém-nascidos da coqueluche. Mas ela também protege a gestante e o bebĂȘ contra o tétano e a difteria. Muitas mulheres em fase de gestação, no entanto, não estão se vacinando.

A jornalista e atriz NatĂĄlia Gadioli, estĂĄ grĂĄvida pela segunda vez e vai tomar a dTpa assim que atingir o tempo recomendado, de 20 semanas de gestação. Ela alerta, no entanto, sobre o que pode estar afastando as gestantes das salas de vacina. "Infelizmente, a gente vĂȘ muita fake news, muita desinformação, que tenta assustar as pessoas. E isso acaba prejudicando individualmente e coletivamente. É uma pena, sempre que posso tento combater de alguma forma e defender a vacina para todos. Especialmente nessa fase de gestação, quando é muito importante a gente se cuidar e proteger o bebĂȘ".

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, explica que a chamada hesitação vacinal é causada por muitos fatores. O maior deles é a falta de percepção de risco. No auge da pandemia, com 4 mil mortes por dia, todo mundo queria se vacinar contra a covid-19, por exemplo. Hoje, que o nĂșmero de vĂ­timas é menor, mas ainda soma centenas por semana, é difĂ­cil atingir a cobertura das doses de reforço. Cunha chama a atenção para o desafio da comunicação em tempos de infodemia - a pandemia de desinformação. Especialmente porque até profissionais da saĂșde tĂȘm disseminado discurso contra as vacinas, o que tem atingido em cheio as grĂĄvidas e os responsĂĄveis por crianças.

"Se eu chego a ter 70%, 75% [de cobertura], significa que tenho ali uns 20% hesitantes. E é com esses hesitantes que a gente tem que falar. Por isso, é preciso preparar muito bem os profissionais da rede, que tĂȘm que saber responder, tĂȘm que estar bem informados. Se um médico te diz que não deve fazer de jeito nenhum e vocĂȘ chega a uma unidade de saĂșde e repassa essa informação, como é que o profissional vai questionar isso? Ele tem que estar muito bem informado", afirma Cunha.

A Ășltima vez que o Brasil teve um surto de coqueluche foi em 2014, mas o Ministério da SaĂșde alertou, na semana passada, que vĂĄrios paĂ­ses tĂȘm registrado aumento de casos e essa onda pode chegar por aqui. Até o começo de abril, foram 31 infecções comprovadas, e mais de 80% delas em bebĂȘs de até seis meses. O Sistema Único de SaĂșde (SUS) também vacina os bebĂȘs contra a coqueluche, mas apenas a partir dos dois meses de idade, completando o esquema aos seis meses. Ou seja, as maiores vĂ­timas da coqueluche dependem totalmente da vacinação na gravidez para não adoecer.

Para a ginecologista Nilma Neves, os profissionais que acompanham o pré-natal devem não somente prescrever as vacinas, mas também conferir se elas foram tomadas e questionar as grĂĄvidas sobre suas dĂșvidas e receios. Até porque muitas tĂȘm medo de tomar qualquer substância ou remédio e acabar afetando o bebĂȘ. Nilma é vice-presidente da Comissão de Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e ObstetrĂ­cia (Febrasgo) e chama a atenção para outro grande problema que tem afetado as coberturas vacinais

"As salas de vacinas dos postos de saĂșde não abrem aos sĂĄbados e muitas gestantes trabalham. Ela não consegue ir durante a semana. E até mesmo quando vão fazer o pré-natal, acontece de alguns postos só terem a técnica de enfermagem especializada em vacinas, de manhã ou só à tarde. Então, isso dificulta o acesso da gestante para tomar as vacinas".

No caso da vacina contra a gripe, nem o chamado Dia D, com aplicação aos sĂĄbados, consegue fazer com que a meta de cobertura seja alcançada. Atualmente, as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste estão em campanha. Mais de 1,7 milhão de grĂĄvidas fazem parte do pĂșblico alvo e nem um quarto delas se vacinou. O imunizante protege contra trĂȘs cepas do vĂ­rus Influenza. Ao contrĂĄrio do que muitos pensam, não é só um resfriadinho. A influenza é um dos principais causadores da SĂ­ndrome Respiratória Aguda Grave, que pode levar à morte, especialmente de pessoas vulnerĂĄveis, como bebĂȘs e grĂĄvidas.

Outro grande causador da sĂ­ndrome é a covid-19, que também pode provocar inflamação em diversas partes do corpo. HĂĄ evidĂȘncias de relação entre a covid e efeitos como aborto espontâneo, restrição de crescimento no Ăștero e parto prematuro. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) jĂĄ identificou que o nĂșmero de mortes entre grĂĄvidas ou pessoas que acabaram de dar à luz nos dois primeiros anos da pandemia foi quase 70% a mais do que o habitual. Ainda assim, a vacina contra a covid-19 encontra grande resistĂȘncia. Gestantes e puérperas devem tomar a nova vacina monovalente xbb da Moderna, que estĂĄ sendo aplicada pelo SUS.

A diretora médica de vacinas da América Latina da Adium, farmacĂȘutica que distribui o imunizante no Brasil, Glaucia Vespa, explica por que elas não devem ter medo. "Quando a gente desenvolve uma vacina, temos etapas. A primeira é o que chamamos de pré-clĂ­nica, que é quando fazemos as pesquisas no laboratório, aĂ­ começamos com a fase clĂ­nica que é onde a vacina é estudada em seres humanos. ConcluĂ­do o desenvolvimento clĂ­nico, é feito um dossiĂȘ submetido às agĂȘncias regulatórias. Quando o produto chega [à população], continuamos acompanhando. Por isso, as vacinas não mentem: sua eficĂĄcia e segurança são comprovadas em estudos".

De acordo com o Ministério da SaĂșde, desde o inĂ­cio da vacinação contra a doença em 2021, quase 2,3 milhões de mulheres se vacinaram. Mas esse nĂșmero é inferior à previsão de gestantes e puérperas que devem se vacinar somente este ano, cerca de 2,24 milhões. O gerente médico de vacinas da FarmacĂȘutica GSK, Marcelo Freitas, destaca a importância do envolvimento familiar para que a estratégia vacinal das gestantes avance. Quando a famĂ­lia toda se vacina, é mais difĂ­cil que um indivĂ­duo fique para trĂĄs, além de formar um cĂ­rculo de proteção para o bebĂȘ. No caso da coqueluche, é inclusive recomendada a estratégia Coccoon, ou casulo.

"A coqueluche é uma infecção altamente contagiosa, e sabemos que as pessoas em volta da criança, que convivem mais com ela, tĂȘm papel fundamental na transmissão. Coccoon é justamente vocĂȘ cercar a criança de pessoas vacinadas, bloquear a transmissão. É preciso lembrar que as vacinas tĂȘm efeito muito importante individualmente - reduzem infecção, impedem a progressão para quadros graves, a hospitalizações e óbitos, mas também tĂȘm papel fundamental coletivamente, o de redução de transmissão de doenças em surtos e epidemias".

O calendĂĄrio bĂĄsico de vacinação do SUS também recomenda que as gestantes recebam a vacina contra a hepatite B, caso não tenham sido imunizadas anteriormente, ou completem o esquema de trĂȘs doses se ele estiver incompleto. Também é preciso iniciar ou completar a imunização com a DT, que protege contra tétano e difteria em trĂȘs doses, com reforço a cada dez anos.

Nilma Neves reforça que o ideal é que antes mesmo de engravidar, as famĂ­lias confiram o cartão de vacinas da gestante. "É muito importante que ela receba a trĂ­plice viral, por exemplo, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, e não pode ser tomada na gestação".

AgĂȘncia Brasil

Gestantes Vacinação Pré-natal Alerta Saúde

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