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Mudanças climĂĄticas: população negra Ă© mais afetada por calor extremo

Os impactos das ondas de calor extremo são mais intensos para as populações de áreas periféricas dos centros urbanos e particularmente para os negros, que representam a maioria dos moradores dessas localidades.

Por PH em 26/11/2023 às 08:02:13
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Mosquitos causam doenças como a dengue - Arquivo/AgĂȘncia Brasil

Indicadores colhidos pelos pesquisadores em CuiabĂĄ apontam que as arboviroses atingem a população negra com maior intensidade. Considerando as mulheres diagnosticadas com dengue entre 2014 e 2020, 54,79% eram negras, 14,85% brancas e 0,39% indĂ­genas. Para o restante dos casos, não hĂĄ informação sobre raça ou etnia.

Entre os homens, os nĂșmeros são similares: 54,85% negros, 13,06% brancos, 0,72% indĂ­genas e 31,10% ignorados. Os especialistas observam que as desigualdades raciais e de gĂȘnero, as condições de moradia e a exposição a contextos de maior vulnerabilidade urbana e de ausĂȘncia de direitos, como saneamento bĂĄsico e acesso à serviços de saĂșde, são fatores intimamente relacionados com a incidĂȘncia de taxas dessas doenças.

"Quando chega o verão, vocĂȘ começa ver as recomendações: 'cuide do seu jardim, tire o vaso da planta, faça isso, faça aquilo'. HĂĄ uma propaganda nacional que parece que nós vamos resolver todo o problema da dengue desse jeito, sendo que, nas ĂĄreas periféricas, o acesso ao saneamento é desigual. E a falta de saneamento favorece a transmissão da doença", frisa Diosmar.

PolĂ­ticas pĂșblicas

Um outro estudo publicado pela Associação de Pesquisa Iyaleta - concluĂ­do no ano passado - apresentou contribuições para o Plano Nacional de Adaptação (PNA), instituĂ­do por meio de portaria do Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2016, após um processo de escuta de diferentes setores da sociedade. Seu objetivo é orientar gestores pĂșblicos na adoção de iniciativas com o objetivo de minimizar o risco climĂĄtico no longo prazo e reduzir a vulnerabilidade à crise do clima.

Em setembro, foi instituĂ­do pelo governo federal um grupo técnico para elaborar proposta de atualização do PNA, ouvindo a sociedade civil. Para Diosmar, é preciso pensar diversas medidas. Entre elas, ele menciona a urgĂȘncia de uma polĂ­tica de arborização. "Cada vez mais a gente vai precisar de ĂĄreas verdes", preconiza.

Ele cita também a necessidade de polĂ­ticas pĂșblicas setoriais, territoriais e locais. "Precisamos de estados e municĂ­pios com polĂ­ticas de moradia, de saneamento, de saĂșde e de educação integradas. Precisamos olhar o saneamento como parte de um processo de educação em tempo de mudanças climĂĄticas, precisamos de moradia que se afaste desse modelo que aprisiona, onde as pessoas das periferias das grandes cidades vivem dentro de pequenas casas de seis metros quadrados", finaliza.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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