Artista plástico corumbaense Jonir Figueiredo é internado após ser espancado

Jonir foi agredido pelo marido de uma servidora de Artes Visuais da FCMS.

?O artista plástico Jonir Benedito de Figueiredo, de 71 anos, foi internado em situação delicada de saúde no Hospital Evangélico de Campo Grande (MS). Ele foi levado para a unidade no dia 24 de dezembro de 2022, depois de ser encontrado espancado dentro de sua casa no Bairro Amambaí, na Capital.

A reportagem do TeatrineTV apurou que Jonir foi agredido na noite do dia de 20 de dezembro, por um homem identificado como Rodrigo Victor, esposo da servidora da área de Artes Visuais Marilena Grolli, ligada à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

As agressões contra Jonir ocorreram num bar na Rua Antônio Maria Coelho, na Vila Planalto.

A comerciante, que não terá o nome divulgado, revelou que testemunhas contaram para ela, que o motivo da briga foi passional. "A Grolli está casada com esse cara há pouco tempo. O cara e o Jonir se agrediram após ofensas recíprocas. Aí o Jonir saiu lá pra frente [do bar], o esposo da Grolli foi atrás e agrediu muito ele. Me falaram que o cara chegou a pisar na cabeça dele", contou a dona do estabelecimento.??

Na sequência das agressões violentas, o casal foi embora, deixando Jonir Benedito de Figueiredo ferido na calçada.

Até então, consciente e orientado, Jonir foi visto lavando o rosto ensanguentado numa pia do banheiro no bar. "Quando eu cheguei, o Jonir estava com um corte embaixo do olho e um caroço bem saltado na testa. Ele só dizia assim: quero ir embora, quero ir embora! Me chama um carro! Nós tentamos fazer ele ir a um pronto socorro, mas ele não queria. Como o celular dele havia quebrado na briga, pegamos um celular e chamamos um carro de aplicativo, aí ele foi embora também", narrou.

Somente 3 dias após a agressão, Jonir foi encontrado repleto de hematomas, inconsciente em sua casa. Só então, ele foi levado ao hospital, à essa altura, com quadro clínico delicado.

Contatamos Grolli para ouvir a versão de Rodrigo sobre o que teria deflagrado a briga. "Ele não quer falar. Só estamos orando pela recuperação do Jonir", respondeu a servidora por mensagem neste sábado (14.jan.23). Grolli e Jonir são amigos de longa data.

Nos grupos de cultura de Mato Grosso do Sul, uma mensagem pede ajuda via PIX para arcar a realização de uma cirurgia em Jonir. "Cirurgia urgente: A espera da cirurgia do coágulo no cérebro", diz a mensagem seguida do número de PIX: 10388109149.

Jonir não tem plano de saúde privado, por isso carecia da ajuda financeira para acelerar o procedimento no Evangélico.

Num boletim médico distribuído na 6ª.feira (13.jan.23), assinado pelo Doutor Cezar Augusto Nicolatti, foi detalhado que Jonir estava sendo submetido a um "tratamento de hematoma intracerebral". O artista, conforme o boletim, apresentou piora clínica progressiva, quadro confusional e astenia generalizada, complicações decorrentes de Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), gerado pelas agressões. Para correção do quadro, o doutor indicou a urgência de uma neurocirurgia.

"Aviso que a coordenação do FESC já se mobilizou, entramos em contato com o vice-governador – Barbosinha, qual foi inteirado do assunto e ele solicitou o pedido de vaga da cirurgia do Jonir. Nossa preocupação sempre em primeiro lugar é a saúde do Jonir", disse nesta tarde Altair Santos, um dos coordenadores do Fórum Estadual de Cultura (FESC) de Mato Grosso do Sul.

O TeatrineTV foi informado que pouco após o comunicado do FESC, Jonir conseguiu uma vaga e foi transferido à Santa Casa, onde teria recebido outro diagnóstico clínico. "[Aqui na Santa Casa] estão mantendo ele em tratamento conservador", acrescentou Altair.

Procuramos o diretor Max Freitas, da Fundação de Cultura de MS, para saber se a entidade cultural irá auxiliar no atendimento ao artista sul-mato-grossense. Até a publicação desta reportagem, as tentativas de ligações não foram atendidas.

A reportagem não conseguiu localizar nenhum boletim de ocorrência sobre o caso.

QUEM É JONIR

Corumbaense, Jonir Benedito de Figueiredo é bacharel em educação artística pela faculdade Unidas de Marília-SP e atua há mais de 50 anos em Mato Grosso do Sul, tendo se tornado um dos principais artistas plásticos no Brasil e no exterior.

Também é desenhista, gravador, performer cultural e técnico especializado em arte e cultura. Por três gestões, Jonir Figueiredo também presidiu a Associação dos Artistas Plásticos de Mato Grosso do Sul. Seus trabalhos mais marcantes são suas mandalas.

Em suas telas, ele explora o bioma pantaneiro e denuncia a degradação das áreas vegetadas da planície.

Expôs seus trabalhos em vários estados brasileiros e mundo afora, como no Mercosul, Japão, em cinco cidades da União Soviética, Europa e na ONU em Nova York.

Sua primeira obra de arte foi feita aos 19 anos e desde então, nunca mais parou de produzir. Na década de 70, ganhou notoriedade em todo o mundo com a série de obras conhecida como fase Jacarés que configurou fortemente a preocupação ambiental em seu processo criativo.

Em 1977, com a criação de Mato Grosso do Sul, a busca por uma identidade cultural própria do recém-formado estado inspirou a formação do Movimento Cultural Guaicuru, coletivo artístico do qual foi um dos idealizadores, fundadores e membro bastante ativo. Nos anos 2000, igualmente, teve extensa e significativa participação no cenário de desenvolvimento e popularização das artes visuais.