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DiabĂ©ticos podem chegar a 784 milhões no mundo em 2045, estima IDF

Dados da décima edição do Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, a sigla em inglês), mostram que 537...

Por PH em 08/11/2021 às 09:31:47
Foto : Divulgação

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Dados da décima edição do Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, a sigla em inglĂȘs), mostram que 537 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos de idade tĂȘm diabetes no mundo, alta de 16% em dois anos. Os especialistas da IDF projetam que o nĂșmero de adultos com a doença pode chegar a 643 milhões em 2030 e a 784 milhões em 2045. A prevalĂȘncia global da doença atingiu 10,5%, com quase metade (44,7%) sem diagnóstico.

O levantamento, feito a cada dois anos, revela que o nĂșmero de pessoas com diabetes aumentou de tal maneira que superou, proporcionalmente, a expansão da população global. Segundo afirmou à AgĂȘncia Brasil a presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional do Rio de Janeiro (SBD-RJ), endocrinologista Rosane Kupfer, o diabetes estĂĄ em evolução crescente "e não foi contido, até agora, por nenhuma tomada de ação, de decisão, em relação à doença".

Para a médica, isso significa que continua havendo falta de divulgação, de informação, de acesso ao conhecimento, ao diagnóstico e a um tratamento de qualidade. Rosane ressaltou que além da covid-19, outras doenças tĂȘm matado muito em todo o mundo. Uma delas é o diabetes. O Atlas do IDF diz que, só neste ano, 6,7 milhões de pessoas morreram em decorrĂȘncia da doença.

A presidente da SBD-RJ informou que a proporção de pessoas com diabetes, que era de uma a cada 11, caiu agora para uma a cada dez pessoas. "E grande parte delas estĂĄ em paĂ­ses de baixa renda". O Atlas do Diabetes indica que 81% dos adultos com a doença vivem em paĂ­ses em desenvolvimento. Na América Latina e América Central, estima-se que o nĂșmero de diabéticos alcance 32 milhões.

Causas

No próximo domingo(14), quando se comemora o Dia Mundial do Diabetes, Rosane Kupfer alertou que as causas da doença são diversas. "A falta de acesso, as péssimas escolhas alimentares que o mundo estĂĄ fazendo, principalmente esse estilo de vida ocidental, onde se vĂȘ que estĂĄ crescendo muito a obesidade, muita gente com sobrepeso, muita gente com pré-diabetes, que é uma categoria de altĂ­ssimo risco para ficar diabética".

Pessoas que não tĂȘm nenhum fator de risco devem fazer uma glicemia anual após os 45 anos. "Tem que fazer exame de sangue porque diabetes é uma doença que não apresenta sintomas, pelo menos no inĂ­cio. Isso não quer dizer que ela não esteja fazendo mal por dentro (do organismo)". As pessoas que fazem exames de rotina todo ano percebem quando ocorre aumento da glicose e se preocupam, salientou. O problema, disse Rosane, são as pessoas que não se cuidam, não fazem exame para verificar se são diabéticas. Alertou que indivĂ­duos com alto risco para diabetes, que tĂȘm casos da doença na famĂ­lia, que são hipertensos, que tĂȘm sobrepeso ou obesidade, e mulheres que tiveram diabetes na gestação, devem fazer exame anual acima dos 35 anos de idade.

Por essas razões, Rosane Kupfer analisou que não se pode mais restringir a mobilização de combate à doença ao mĂȘs de novembro e ao Dia Mundial do Diabetes. Ela acredita que é preciso ampliar as ações, mobilizar a sociedade e fazer campanhas fora de época, além de cobrar por mais polĂ­ticas pĂșblicas que garantam o acesso à saĂșde e a um tratamento de qualidade. O tema da campanha de conscientização deste ano sobre a doença é "Acesso ao cuidado para o Diabetes".

Segundo a presidente da SBD-RJ, o diabetes não tem cura. "Por isso é tão importante fazer o diagnóstico precoce. Quanto mais precoce o diagnóstico e o controle, menos problemas a pessoa vai ter". As consequĂȘncias de um diabetes mal controlado incluem problemas cardiovasculares, principal causa de mortalidade na doença; problemas na retina, podendo levar até mesmo à cegueira; problemas renais, cuja maior causa de diĂĄlise entre adultos é o diabetes; problemas arteriais nos membros inferiores; amputações; neuropatias. "Então, tratando cedo, precocemente, dificilmente a pessoa vai ter essas complicações", afirmou.

Rio de Janeiro

No Brasil, o nĂșmero de pessoas com diabetes atingia 16,8 milhões, até 2019. "Essa não é uma estimativa de gente que estĂĄ se tratando, mas de gente que tem diabetes", destacou a endocrinologista. "É muita gente, quase 20 milhões". No ranking mundial, o Brasil ocupa a quinta colocação em termos de pessoas com diabetes, depois da China, Índia, dos Estados Unidos e do Paquistão.

O Rio de Janeiro é a capital brasileira com maior Ă­ndice de diagnósticos de diabetes no paĂ­s, de acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2020, do Ministério da SaĂșde. A capital fluminense teve o maior percentual de indivĂ­duos com a doença (11,2%), seguida por Maceió (11%) e Porto Alegre (10%). A doença é mais prevalente nas mulheres do que nos homens. O Rio de Janeiro também lidera nessa questão, com 12,4% de diagnósticos no sexo feminino, seguido do Recife (12,2%) e de Maceió (11,4%). Entre os homens, o Rio de Janeiro apresenta taxa de 9,8%, a quarta maior do paĂ­s.

"O Rio de Janeiro vai mal", definiu a endocrinologista. "Mas, espero que o Rio se reerga", completou. Ela sugeriu que os pacientes que se descobrem diabéticos se cadastrem em uma unidade de saĂșde da famĂ­lia. Quando necessĂĄrio, essas unidades encaminham para a atenção especializada. "É muito importante que haja investimento também na atenção especializada".

Rosane é também chefe do Serviço de Diabetes do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luis Capriglione (Iede), que é referĂȘncia para o estado do Rio de Janeiro na ĂĄrea de diabetes e endocrinologia. "A gente só recebe paciente que vem encaminhado com indicação pelo médico da Unidade BĂĄsica de SaĂșde (UBS). Esse é o caminho". Cerca de 40% dos pacientes do Iede são de fora do Rio.

Custos

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), a doença provocou um gasto mundial com saĂșde de US$ 966 bilhões, alta de 316% nos Ășltimos 15 anos. O Ășltimo Atlas da entidade mostra que o Brasil gasta em torno de US$ 52,3 bilhões por ano no tratamento de adultos de 20 a 79 anos, o que resulta em cerca de US$ 3 mil dólares por pessoa.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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