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Estudantes se preparam para segundo Enem do ano

Candidatos participam da primeira aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Digital, na UniCarioca, no início de 2020. - Fernando Frazão/Agência...

Por PH em 02/11/2021 às 13:08:39
Foto : Divulgação

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Candidatos participam da primeira aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Digital, na UniCarioca, no inĂ­cio de 2020. - Fernando Frazão/AgĂȘncia Brasil

"Tem sido bem complicado. O meu problema, em toda minha preparação, é a questão de ser muito ansiosa. Isso me atrapalha no momento da prova", disse, acrescentando que "no Enem 2020, eu acredito que fui com uma base de conteĂșdo boa, mas minha ansiedade me atrapalhou muito. Meu psicológico atrapalhou".

A estudante de Cocal dos Alves (PI) buscou, então, tratamentos que a ajudasse a lidar com a ansiedade e acredita que estĂĄ mais preparada este ano. "O Enem virou, para mim, uma grande oportunidade de mudar as coisas, mudar minha vida. É como eu posso ter a possibilidade de mudar as coisas também para minha famĂ­lia. Virou algo muito além da prova".

O fato de jĂĄ conhecer como é a prova é uma vantagem, segundo o técnico em informĂĄtica Franklyn Pinheiro, 29 anos de idade, do Rio de Janeiro. No Enem 2020, ele participou da primeira aplicação no formato digital. Ele tinha muitas dĂșvidas e se surpreendeu, por exemplo, com o fato da prova de redação ser feita em papel. Ele havia se preparado para digitar o texto no computador.

"Estou tentando de novo para ver se consigo uma nota mais alta", disse o estudante que, com o Enem, pretende cursar ciĂȘncias da computação. Na reta final, ele usa a internet para estudar e para refazer provas de anos anteriores do Enem.

Pinheiro estĂĄ inscrito novamente na modalidade digital. "A diferença do Enem no papel é que não precisa pintar as bolinhas [do cartão de respostas], ficou mais fĂĄcil. No digital, vocĂȘ apenas clica na resposta correta".

Veteranos do Enem

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnĂ­sio Teixeira (Inep), a porcentagem de estudantes que fazem o Enem mais de uma vez vem caindo ao longo dos anos.

Em 2014, do total de inscritos confirmados no Enem, 16% estavam fazendo o Enem pela primeira vez, o que significa que 84% jĂĄ tinham feito a prova anteriormente. Em 2019, a porcentagem de novatos subiu para 47%, o que mostra que a porcentagem daqueles que estavam fazendo as provas pelo menos pela segunda vez caiu para 53%.

Os dados foram divulgados em outubro de 2019. Na época, o Inep explicou que os nĂșmeros mostram que estĂĄ aumentando a participação de novatos. Um dos motivos, segundo a autarquia, é a mudança nas regras da isenção do pagamento da inscrição, que ocorreu em 2017. Desde 2018, os participantes precisam justificar a ausĂȘncia na edição anterior para estarem aptos a pedir uma nova isenção. Aqueles que não tĂȘm a justificativa aceita, precisam pagar a taxa, que atualmente é R$ 85.

Excepcionalmente em 2021, por causa da pandemia da covid-19, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a necessidade de justificativa. O STF entendeu que a exigĂȘncia de comprovação documental para os ausentes viola diversos preceitos fundamentais, entre eles o do acesso à educação e o de erradicação da pobreza. Além disso, a obrigação imposta pelo edital penaliza os estudantes que fizeram a "difĂ­cil escolha" de faltar às provas para atender às recomendações das autoridades sanitĂĄrias de evitar aglomerações.

O exame de 2020, realizado em meio à pandemia, registrou abstenção recorde de participantes. Mais da metade dos inscritos não compareceu a nenhum dia de prova. JĂĄ o Enem de 2021 teve queda no nĂșmero total de inscritos em relação a exames anteriores. De acordo com o Inep, são mais de 3 milhões de inscritos confirmados. Em 2020, foram 5,8 milhões de inscritos.

Foco no Enem

No começo deste ano, Suelen Carvalho, de 23 anos de idade, foi uma das primeiras a chegar à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), local em que fez o Enem 2020, para evitar aglomerações no transporte pĂșblico e se proteger da covid-19. A estudante disse na época à AgĂȘncia Brasil que, apesar de considerar arriscado, foi fazer a prova porque temia não conseguir isenção novamente na edição de 2021.

"A prova para mim representa uma oportunidade", disse a estudante do Rio de Janeiro. Suelen disse que conseguiu se preparar ao longo do ano melhor do que conseguiu em 2020. Ainda assim, foram muitas as dificuldades. Ela precisou conciliar trabalho e estudo. Ela entra no trabalho às 8h, e só quando sai começa a estudar para as provas. As aulas vão até as 22h. Mas só depois desse horĂĄrio, ela disse que consegue fazer exercĂ­cios para fixar o conteĂșdo.

A estudante quer cursar medicina. "Eu estou focando em passar, porque eu sei que só vou ter uma realidade diferente através da educação. A minha sociedade, o paĂ­s em que eu vivo, e o meu lugar como mulher negra e favelada, e eu quero muito uma realidade diferente disso. Eu quero ter conhecimento, ocupar outros lugares e quero abrir caminhos para mulheres como eu terem acesso à universidade", disse.

Entrada dos candidatos para o segundo dia de prova do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, na PontifĂ­cia Universidade Católica-PUC, no Rio de Janeiro.

Entrada dos candidatos para o segundo dia de prova do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, na PontifĂ­cia Universidade Católica-PUC, no Rio de Janeiro, no inĂ­cio de 2020 - Tânia RĂȘgo/AgĂȘncia Brasil

Sonho realizado

Em 2021, Sergio Manoel Passos Cardoso, 18 anos de idade, pode descansar dos estudos. Ele não vai fazer o segundo Enem do ano, pois conquistou uma vaga em odontologia na Universidade Estadual do PiauĂ­ ParnaĂ­ba (Uespi), pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O ex-estudante da Escola Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves (PI), conversou com a AgĂȘncia Brasil no inĂ­cio do ano, antes de prestar o Enem 2020.

Na época, disse que estava tendo aulas pelo WhatsApp e com uma série de dificuldades nos estudos.

O sonho de ingressar no ensino superior não era apenas dele, mas também do pai, que faleceu este ano, vĂ­tima de câncer. "Passei por um ano bastante conturbado, com a morte do meu pai, e ele sempre quis me ver passando em uma universidade, principalmente em odontologia. E consegui fazer com que ele visse isso acontecendo", disse o estudante.

As aulas do primeiro perĂ­odo da Uespi começam no próximo dia 9. Aos demais estudantes, ele deixa uma mensagem de esperança: "Buscar sempre se manter focado, e pensar que apesar das dificuldades, tudo é possĂ­vel".

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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