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Crueldade : Menino autista preso em canil pela mãe e avó tambĂ©m era dopado e mantido no lixo

Por PH em 20/05/2021 às 10:46:04
Menino vivia nesse canil na casa onde morava com mãe e avó

Segundo o auto de prisão em flagrante, as duas mulheres alegavam que "a criança é muito agitada e que faziam isso para o bem dela"

O menino autista de 8 anos encontrado por membros do Conselho Tutelar trancado em um canil na casa da famĂ­lia, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, era alvo de uma rotina constante de maus-tratos, conforme indicam as investigações da 54ÂȘ DP (Belford Roxo). A mãe e a avó da criança, de 27 e 62 anos, respectivamente, foram presas em flagrante, na Ășltima segunda-feira , e indiciadas pelos crimes de tortura e cĂĄrcere privado . Segundo testemunhas, além de ser mantida a maior parte do tempo no espaço de menos de 2 metros quadrados, no quintal da residĂȘncia, a vĂ­tima, quando dentro do imóvel, permanecia dentro de uma lata de lixo.


O caso veio à tona depois de denĂșncias anônimas feitas por vizinhos da comunidade Gogó da Ema, onde a famĂ­lia morava. Os relatos indicam que o menino passava horas sem ser alimentado ou beber ĂĄgua - ao ser resgatado, ele apresentava um quadro de inanição e desidratação. Ainda de acordo com as denĂșncias, era comum que a criança fosse dopada "com fortes doses de calmantes", além de dormir totalmente amarrada a uma cama.

Na casa, viviam ainda outras trĂȘs crianças, com idades entre 3 a 10 anos. Todos os menores, incluindo a vĂ­tima de abuso, depois que teve alta do hospital, foram encaminhadas para o Conselho Tutelar. Os vizinhos contam que o menino autista era mantido afastado dos irmãos.

"A mãe e a avó alegam que a criança é muito agitada e que fazem isso para o bem do menino", informa o auto de prisão em flagrante assinado pelo delegado-assistente Alexandre Netto Cardoso. Ao serem ouvidas formalmente na delegacia, contudo, as duas mulheres optaram por se manter em silĂȘncio. Nesta quarta-feira, durante audiĂȘncia de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva.

Na decisão, o juiz Rafael de Almeida Rezende, da 1ÂȘ Vara Criminal de Belford Roxo, frisou o quadro de saĂșde debilitado em que a criança foi encontrada. "O menor chegou ao hospital fraco, desnutrido, com falhas no cabelo, cicatrizes arredondadas, dentes escuros e em estado de pânico, por ter sido submetido a intenso sofrimento fĂ­sico e mental", diz o texto.

Ao tipificar o ocorrido como tortura, o delegado escreveu que os "atos foram dirigidos com o fim de produzir sofrimento intenso à criança, jĂĄ abandonada pela mãe, sendo ela trancada, ficando vĂĄrios dias sem comer, não cabendo falar-se em meros maus tratos". As duas podem pegar, se condenadas, uma pena superior a 15 anos de prisão. O nome dos envolvidos não foi divulgado de modo a preservar a identidade da vĂ­tima.

Fonte: Ùlitimo Segundo

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