O caso veio à tona depois de denĂșncias anônimas feitas por vizinhos da comunidade Gogó da Ema, onde a famĂlia morava. Os relatos indicam que o menino passava horas sem ser alimentado ou beber ĂĄgua - ao ser resgatado, ele apresentava um quadro de inanição e desidratação. Ainda de acordo com as denĂșncias, era comum que a criança fosse dopada "com fortes doses de calmantes", além de dormir totalmente amarrada a uma cama.
Na casa, viviam ainda outras trĂȘs crianças, com idades entre 3 a 10 anos. Todos os menores, incluindo a vĂtima de abuso, depois que teve alta do hospital, foram encaminhadas para o Conselho Tutelar. Os vizinhos contam que o menino autista era mantido afastado dos irmãos.
"A mãe e a avó alegam que a criança é muito agitada e que fazem isso para o bem do menino", informa o auto de prisão em flagrante assinado pelo delegado-assistente Alexandre Netto Cardoso. Ao serem ouvidas formalmente na delegacia, contudo, as duas mulheres optaram por se manter em silĂȘncio. Nesta quarta-feira, durante audiĂȘncia de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva.
Na decisão, o juiz Rafael de Almeida Rezende, da 1ÂȘ Vara Criminal de Belford Roxo, frisou o quadro de saĂșde debilitado em que a criança foi encontrada. "O menor chegou ao hospital fraco, desnutrido, com falhas no cabelo, cicatrizes arredondadas, dentes escuros e em estado de pânico, por ter sido submetido a intenso sofrimento fĂsico e mental", diz o texto.
Ao tipificar o ocorrido como tortura, o delegado escreveu que os "atos foram dirigidos com o fim de produzir sofrimento intenso à criança, jĂĄ abandonada pela mãe, sendo ela trancada, ficando vĂĄrios dias sem comer, não cabendo falar-se em meros maus tratos". As duas podem pegar, se condenadas, uma pena superior a 15 anos de prisão. O nome dos envolvidos não foi divulgado de modo a preservar a identidade da vĂtima.
Fonte: Ălitimo Segundo