Lino Allegri tem 82 anos e precisou ser afastado pela Igreja por questões de segurança.
Por Jornal do BrasilO padre italiano Lino Allegri, 82 anos, pároco da igreja Nossa Senhora da Paz, sofreu ataques de bolsonaristas em duas missas realizadas em sua comunidade por lamentar a morte de mais de 500 mil brasileiros durante a pandemia de Covid-19 e a falta de gestão do presidente Jair Bolsonaro na crise sanitária.
O episódio mais recente ocorreu no fim de semana por um homem que gritava que ele "havia transformado o altar em palanque político". No início do mês, um grupo de oito pessoas também hostilizou o religioso.
Allegri, que também atua na Pastoral da Rua, deve entrar no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH) após pedido da Defensoria Pública e do Ministério Público do Ceará (MPCE).
Além dos ataques verbais nas missas, Allegri relatou que ele e outros religiosos da paróquia vem sendo ameaçados fisicamente através de mensagens de WhatsApp. Muitas das hostilizações partem porque o italiano é adepto da Teologia da Libertação, que coloca o pobre e o oprimido no centro da vida cristã.
Na noite de domingo (19), o governador do estado, Camilo Santana, também anunciou que uma investigação formal será aberta pela Secretaria de Segurança estadual por perseguição e crime de ódio.
Em declaração ao jornal "O Povo", o articulador paroquial Mario Fonseca, defendeu o sacerdote e suas homilias.
"Ele usou a sua palavra de sacerdote para denunciar uma necropolítica. As pessoas têm dificuldade de entender isso e acham que é um palanque político. Essa não é uma igreja apenas carismática que quer comprar um lote no céu e não está preocupada com o povo sofredor aqui na terra. Eles expressam indignação por falta de incompreensão do modelo de igreja libertadora, o que eles rotulam de comunismo", disse Fonseca à publicação.
Aos 82 anos, Allegri foi ordenado sacerdote em 1965 e, desde então, vem dedicando sua vida aos mais pobres. (com agência Ansa)
JB