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El Niño provoca situação climĂĄtica extrema em MS, com alerta para incĂȘndios florestais no Pantanal

Por PH em 21/02/2024 às 08:59:58

Com influĂȘncia direta do fenômeno El Niño, a situação climĂĄtica extrema e atípica em Mato Grosso do Sul pode contribuir para a ocorrĂȘncia de incĂȘndios florestais no Pantanal e nos outros biomas do Estado – Cerrado e Mata Atlântica.

As chuvas estão abaixo da média em todo o Estado desde dezembro de 2023, e a previsão é de que o déficit de precipitação persista e provoque danos ambientais, com ampliação de ĂĄrea seca e intensificação de casos de incĂȘndios florestais.

O meteorologista Vinícius Sperling, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), explica que em todo o Estado, com as chuvas abaixo do esperado hĂĄ quase trĂȘs meses, a situação deve se agrave nos próximos meses. Os dados são consolidados a partir do monitoramento de 48 municípios, com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ANA (AgĂȘncia Nacional de Águas e Saneamento BĂĄsico) e Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

"Em dezembro, de 2023, tivemos chuvas abaixo da média história em 39 municípios analisados. JĂĄ em janeiro deste ano, a situação não foi diferente, em 41 municípios houve déficit de precipitação. Sem acúmulo de ĂĄgua no solo, os rios estão com níveis mais baixos, é reflexo da falta de chuva", pontua o meteorologista.

Fotos: Bruno Rezende

A situação crítica persiste desde o início do ano, nos 15 primeiros dias do mĂȘs de fevereiro, praticamente todos os municípios monitorados tiveram chuvas abaixo da média. "Com exceção de Porto Murtinho, que teve 164 milímetros, mas 100 milímetros caíram em apenas um dia, foi um evento atípico que fez com que a média subisse. De forma geral, o impacto da falta de chuva aparece nos indicadores de seca, que tem se intensificado em todo o Estado", afirma Sperling.

No Pantanal, de acordo com a anĂĄlise do Cemtec, a ĂĄrea com seca foi intensificada no período que deveria ser mais chuvoso, entre dezembro e janeiro. "Desde novembro a gente observou o avanço da seca, com piora em janeiro por conta das chuvas muito abaixo do ideal. Isso tudo resulta em aumento dos focos de calor, incĂȘndios florestais, em todos os biomas presentes em Mato Grosso do Sul", disse o representante do Cemtec.

Mudanças climĂĄticas

O El Niño alterou as condições de temperatura e precipitações, com anomalias que provocaram situações extremas - de mĂĄximos e mínimos volumes - de chuvas, umidade relativa do ar, além de calor.

Fabiano Morelli, pesquisador do Programa de Monitoramento de Queimadas por Satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que em dezembro de 2023, boletim mensal sobre o fenômeno El Niño jĂĄ apontava previsão de condições mais secas do que o normal durante o mĂȘs de janeiro deste ano.

"A anĂĄlise explica toda a situação do El Niño. A quantidade de chuvas tem sido abaixo do esperado em toda a região central do Brasil, e a temperatura estĂĄ acima da média. O fenômeno age nos períodos secos e quentes, mantendo a situação assim no centro do País, e provocando precipitações intensas, com inundações e enchentes no sul", explicou Morelli.

O relatório do Inpe, elaborado em conjunto com Inmet, ANA e Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), apresentou o monitoramento e previsões sobre o fenômeno em 2023, e também informou sobre possíveis impactos este ano.

Foto: Natalia Yahn

Além de apontar que os baixos volumes de chuva previstos – aliado a irregularidade espacial das mesmas –, em Mato Grosso do Sul, contribuiriam para manter o armazenamento hídrico em níveis mais baixos. A situação colaborou para a ocorrĂȘncia de incĂȘndios florestais fora da época crítica das queimadas no Pantanal – que geralmente ocorrem entre os meses de julho a outubro.

Durante o mĂȘs fevereiro e em março, a previsão é de que a situação persista, com chuva escassa e influĂȘncia direta na região Sul, além de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

"O El Niño se manifestou muito forte a partir do período final de outubro e novembro. Foi uma situação atípica, com grande seca, inclusive no Rio Amazonas e em Manaus, com muita fumaça. A situação anômala tem influĂȘncia nas secas significativas e provavelmente interferiu ciclo hidrológico, no transporte de chuva da Amazônia para a região central e sudeste do Brasil", disse o pesquisador do Inpe.

O sistema de monitoramento dos "Focos Ativos por Bioma", do Inpe, mostra que no mĂȘs de janeiro deste ano foram registrados 369 focos detectados por satélite no bioma Pantanal – em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso –, enquanto no mesmo período de 2023 foram 103. Em comparação – com o mĂȘs de janeiro – nos últimos seis anos, a quantidade de focos em 2024 supera a registrada em 2020, com 226 e fica atrĂĄs apenas de 2019, com 542.

Mais 58% dos focos registrados em janeiro, foram em Mato Grosso do Sul e os municípios que tiveram maior quantidade de casos foram CorumbĂĄ (1°), Aquidauana (3°) e Miranda (5°).

Prevenção e resposta

Este ano, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul jĂĄ atuou em dois incĂȘndios de grandes proporções, na Serra do Amolar - no Pantanal -, e na região do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, em Miranda.

"As mudanças climĂĄticas estão acontecendo. Um reflexo são esses incĂȘndios, por exemplo, em janeiro, que é um mĂȘs comumente de chuvas na região. Porém, jĂĄ atuamos em dois grandes incĂȘndios este ano. E tivemos também na temporada de 2023, no mĂȘs de novembro, um crescimento absurdo dos focos de calor e incĂȘndios aqui no Estado. Então a gente estĂĄ se preparando cada vez mais, para que no momento de resposta a gente consiga dar um melhor atendimento, mais rĂĄpido a este tipo de emergĂȘncia", explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, que realiza o monitoramento dos incĂȘndios florestais no Estado.

O trabalho dos bombeiros é realizado por terra e ar, com utilização de aeronaves para combate às chamas em locais de difícil acesso e transporte de equipes. A atuação também conta com uso de tecnologia – drones e georreferenciamento –, que torna o trabalho de controle e extinção do fogo mais efetivo.

Desde o mĂȘs de janeiro, o Governo do Estado jĂĄ prepara ações preventivas e de resposta, para garantir que o combate aos incĂȘndios em todos os biomas – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – seja eficiente.

"Toda essa logística faz com que o Mato Grosso do Sul, tenha se tornado nos últimos anos, uma referĂȘncia na proteção ambiental, também com investimento da capacitação profissional, materiais, tecnologia. Tudo para dar uma resposta ainda melhor", finalizou a tenente-coronel Tatiane Inoue.

Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
Foto de capa: Bruno Rezende

Fonte: Assessoria de Imprensa

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