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Diagnóstico tardio da osteoporose em homens prejudica tratamento

Muitas pessoas convivem durante anos com doenças que nem sabem ter.

Por PH em 06/10/2023 às 10:13:38
Divulgação

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Muitas pessoas convivem durante anos com doenças que nem sabem ter. Como os sintomas demoram a aparecer, o diagnóstico acaba sendo tardio, o que traz prejuĂ­zos para o tratamento. Essas são as chamadas doenças silenciosas, que vão evoluindo de forma imperceptĂ­vel, sem fazer barulho, mas, quando surgem, podem gerar sérias complicações. Exemplo disso é a osteoporose.

A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução da massa óssea e que atinge entre 10 milhões e 15 milhões de brasileiros, segundo estimativas do Ministério da SaĂșde, com base em dados da Organização Mundial da SaĂșde (OMS). Ela atinge principalmente mulheres após a menopausa, em função da queda nos nĂ­veis do hormônio feminino, o estrogĂȘnio. No entanto, em homens pode trazer complicações mais sérias porque, em geral, eles tendem a descobrir a doença mais tarde, em estĂĄgio mais avançado.

"O osso tem uma consistĂȘncia, de densidade, de dureza. Com o tempo ele vai perdendo isso e ficando frĂĄgil", explicou Marco Antonio Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia. "Se vocĂȘ tem alguma doença inflamatória - como reumĂĄtica, por exemplo - ou outra como diabetes ou asma, esses ossos vão perdendo ainda mais cĂĄlcio, ficando mais frĂĄgeis. E alguns medicamentos também diminuem essa dureza do osso, como corticoides e anticoagulantes. Osteoporose é essa fragilidade óssea que leva a uma fratura".

Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, que vai até este sĂĄbado (7) em Goiânia (GO), Loures disse que em homens, a incidĂȘncia da osteoporose costuma ser menor que em mulheres. No entanto, destacou, homens também podem desenvolver a doença. E o agravante é que, em geral, o homem costuma demorar a buscar tratamento.

"O homem, de forma geral, é mais resistente [a procurar um médico]. A mulher, desde a adolescĂȘncia, procura mais os serviços médicos do que os homens. Mas, felizmente, isso estĂĄ mudando, a sociedade estĂĄ mudando", destacou.

Um dos problemas em se buscar um médico mais tardiamente é o fato de que a doença vai evoluindo. Com isso, o tratamento pode ficar prejudicado. "Sempre faço essa comparação entre uma vela e uma chama. Se é uma vela só, vocĂȘ a apaga rapidinho. Mas se essa vela causa chama na sala, fica mais difĂ­cil de apagar. Se pegar fogo na casa toda, fica ainda mais difĂ­cil para apagar [a chama]. E isso causa ainda mais danos. Se vocĂȘ tem uma articulação pequena, fica mais fĂĄcil tratar. Mas se vocĂȘ tiver duas ou trĂȘs articulações [com problemas], vai ficando mais difĂ­cil", exemplificou. "Quanto mais partes ou órgãos do corpo [comprometidas], mais difĂ­cil é o tratamento", acrescentou.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, por isso é importante que o diagnóstico seja feito precocemente. "Se uma mulher de 35 anos tem uma fratura, tem que pesquisar por que ela quebrou aquele osso, para saber se foi só uma queda, um trauma ou se tem uma doença de base, que pode ser por falta de hormônio feminino ou doença crônica associada", afirmou

O mesmo vale para os homens. "Se ele tiver uma fratura antes dos 70 anos, deve procurar um reumatologista, um endocrinologista ou mesmo um ortopedista para fazer uma densitometria óssea. Também é preciso analisar se estĂĄ tomando medicamentos que levam à perda de osso como corticoides ou algum que produza a osteoporose. Se ele for fumante ou tomar muito ĂĄlcool seguidamente, também deve procurar um médico com antecedĂȘncia. Se também não faz exercĂ­cio, deve procurar um médico precocemente", explicou.

Loures lembrou que o tratamento para a osteoporose estĂĄ disponĂ­vel a todas as pessoas por meio do Sistema Único de SaĂșde (SUS). E que as pessoas podem se prevenir contra a doença evitando o uso de cigarros, mantendo uma alimentação saudĂĄvel e praticando atividade fĂ­sica. "Temos hoje medidas não só para tratar a doença, como para preveni-la. Se vocĂȘ não trata a doença, ela vai progredindo. E mesmo as vezes tratando, ela pode progredir, mas em intensidade menor. Se vocĂȘ não tratar, ela progride muito mais, levando a fraturas e consequĂȘncias desagradĂĄveis".

*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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