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Pesquisa analisa identificação de aditivos em rĂłtulo de alimentos

Estudo do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do...

Por PH em 07/03/2023 às 10:20:18

Estudo do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) examinou o uso e a rotulagem de aditivos alimentares em diversos produtos disponĂ­veis nos supermercados brasileiros. A pesquisa identificou falhas e inconformidades nas informações presentes nas listas de ingredientes.

No trabalho, foram analisados rótulos de 9.856 alimentos e bebidas, constatando que um quinto dos itens não continha qualquer aditivo alimentar, enquanto um quarto apresentava seis ou mais em sua formulação. Além disso, verificou-se a existĂȘncia de agrupamentos de aditivos que se repetiam em diferentes grupos de alimentos, especialmente nos ultraprocessados. Mesmo em situação de regularidade, foi possĂ­vel comprovar a insuficiĂȘncia de informações sobre os ingredientes na embalagem.

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Segundo a pesquisa, os aromatizantes, por exemplo, representam uma das categorias de aditivos nas quais se identificaram mais pontos falhos, tanto na sua descrição quanto na sua conformidade com a legislação.

De acordo com a norma brasileira, não é necessĂĄrio declarar o nome de cada substĂąncia que compõe o aroma, sendo suficiente identificar sua classificação como "natural", "idĂȘntico ao natural" ou "artificial". Porém, em diversos casos, encontrou-se apenas a menção a "aromatizantes" ou "aromas" na descrição do item, o que sugere que hĂĄ nesses produtos uma mistura de aditivos não identificados nem tipificados.

A professora associada do Departamento de Nutrição Aplicada e do Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e SaĂșde do Instituto de Nutrição da Uerj, Daniela Canella, conta que alguns alimentos não contĂȘm aditivos alimentares na lista de ingredientes, mas são compostos por alimentos que tipicamente os contĂȘm.

"Ao ingerir esse produto, o indivĂ­duo estĂĄ exposto a uma combinação de aditivos sem saber. Isso acontece com frequĂȘncia em refeições ou lanches prontos: pizza, lasanhas, massas recheadas, sanduĂ­ches e salgados, entre outros", afirmou Daniela, orientadora do estudo.

"Do ponto de vista da informação ao consumidor, a embalagem não informa suficientemente para que as pessoas possam tomar decisões. O ideal seria que na lista de ingredientes da pizza congelada, quando aparece, por exemplo, o item presunto, abrir um parĂȘnteses para incluir todos os componentes do presunto", acrescentou a professora.

Os aditivos são geralmente utilizados em alimentos e bebidas ultraprocessados e são adicionados intencionalmente durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, armazenagem, transporte ou manipulação, sem o propósito de nutrir, mas visando a modificar as caracterĂ­sticas fĂ­sicas, quĂ­micas, biológicas ou sensoriais do produto.

"Os ultraprocessados são formulações industriais feitas com pouco ou nenhum alimento in natura ou minimamente processado. Eles precisam dos aditivos para que fiquem palatĂĄveis e para durar nas prateleiras", explicou a pesquisadora.

Regulação

No Brasil, o uso desses aditivos é regulado pela AgĂȘncia Nacional de VigilĂąncia SanitĂĄria (Anvisa), que se fundamenta também em critérios apoiados por regulamentações regionais, como as do Mercosul, e em sugestões emitidas em Ăąmbito mundial por comitĂȘs de especialistas da Organização Mundial de SaĂșde e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Porém, segundo o estudo, apesar de diversos aditivos alimentares serem autorizados, seus efeitos sobre a saĂșde do consumidor vĂȘm sendo questionados por especialistas.

"Questionar esses efeitos torna-se ainda mais importante quando se nota uma variação na condição de consumo dessas substĂąncias, pois, na prĂĄtica, elas não são consumidas isoladamente, mas combinadas a outros aditivos, seja em um mesmo alimento ou em alimentos consumidos ao longo de um dia. Sendo assim, esse problema deve ser considerado crĂ­tico em um cenĂĄrio de crescimento da ingestão de alimentos e bebidas ultraprocessados", explicou a professora.

De acordo com a pesquisadora, os ultraprocessados estão relacionados a uma série de doenças crônicas, como obesidade, doença cardiovascular, diabetes, cĂąncer, doença inflamatória intestinal.

"A minha recomendação é a mesma do Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da SaĂșde: evite o consumo de ultraprocessados, prefira os alimentos in natura e minimamente processados e analise a lista de ingredientes".

O artigo sobre a pesquisa foi publicado em fevereiro na Revista de SaĂșde PĂșblica, periódico cientĂ­fico editado pela Universidade de São Paulo (USP). O trabalho foi iniciado no Ăąmbito do doutorado da aluna de Nutrição da Uerj Vanessa Montera e, na sequĂȘncia, surgiu a parceria com o Idec que estava conduzindo pesquisa sobre rotulagem de alimentos e construindo um banco de dados extenso com mais de 10 mil produtos encontrados em supermercados.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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